15-OFERTANDO COM PROPÓSITO
Ofertando com propósito
Antes de considerar algumas questões sobre a oferta, vamos
considerar brevemente como Deus nos instrui no Velho e no Novo
Testamento. Entendemos que a Lei do Antigo Testamento não nos domina
hoje. Sabemos, também, que muitas coisas no Novo Testamento são mais
fáceis de entender por causa de exemplos encontrados no Velho
Testamento. Por exemplo, o Novo Testamento fala sobre a santidade e
a longanimidade de Deus, mas voltamos ao Velho para compreender mais
profundamente o sentido dessas características importantes do nosso
Senhor (2 Coríntios 6:16-7:1; 1 Pedro 3:20). O Novo Testamento
condena idolatria, mas é o Velho que define para nós o significado
da palavra (1 Coríntios 10:7).
Quando falamos sobre ofertas, achamos exemplos em todas as épocas da
história bíblica. Caim e Abel ofertaram ao Senhor (Gênesis 4:3-5;
Hebreus 11:4). Além dos dízimos exigidos do povo de Israel, eles
levaram ofertas para propósitos definidos por Deus. Êxodo 25:1-9
fala sobre essas ofertas: "Disse o SENHOR a Moisés: Fala aos
filhos de Israel que me tragam oferta; de todo homem cujo coração o
mover para isso, dele recebereis a minha oferta. Esta é a oferta que
dele recebereis: ouro, e prata, e bronze, e estofo azul, e púrpura,
e carmesim, e linho fino, e pêlos de cabra, e peles de carneiro
tintas de vermelho, e peles finas, e madeira de acácia, azeite para
a luz, especiarias para o óleo de unção e para o incenso aromático,
pedras de ônix e pedras de engaste, para a estola sacerdotal e para
o peitoral. E me farão um santuário, para que eu possa habitar no
meio deles. Segundo tudo o que eu te mostrar para modelo do
tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o
fareis."
Exatamente como Deus mandou, Moisés usou as especiarias para fazer o
óleo da unção e o incenso aromático (Êxodo 30:22-38). As especiarias
e o azeite mencionados nesse trecho eram usados no dia-a-dia do povo
para várias outras finalidades (veja 1 Reis 17:12-14; Cântico dos
Cânticos 4:14; Ezequiel 27:19; Mateus 2:11; João 19:39). Mas, uma
vez ofertados para o trabalho do Senhor, eram separados para serem
usados como Deus definiu. Moisés misturou esses ingredientes,
segundo a palavra de Deus, e fez o óleo e o incenso para o
tabernáculo. Deus claramente proibiu que eles usassem o óleo ou o
incenso para qualquer outro propósito: "Não se ungirá com ele
o corpo do homem que não seja sacerdote, nem fareis outro
semelhante, da mesma composição; é santo e será santo para vós
outros" (Êxodo 30:32). "Porém o incenso que fareis,
segundo a composição deste, não o fareis para vós mesmos; santo será
para o SENHOR" (Êxodo 30:37).
Especiarias comuns foram dadas para os propósitos de Deus e usadas
para fazer as coisas necessárias para o serviço que ele pediu. Para
usar essas coisas assim "consagradas" para qualquer outra finalidade
teria sido pecado digno da pena de morte (Êxodo 30:33,38). Não é
brincadeira! Usar por outras finalidades algo separado
especificamente para o serviço do Senhor levaria à morte!
No Novo Testamento, Deus pediu ofertas para os propósitos que ele
mesmo definiu. Ele deu instruções sobre a coleta nas igrejas locais
para cuidar dos santos necessitados (1 Coríntios 16:1-2). Também,
ele falou que o dinheiro ofertado para divulgar o evangelho era um
sacrifício aceitável a Deus (Filipenses 4:18). É assim que alguns
evangelistas e presbíteros recebiam sustento de igrejas no primeiro
século (1 Coríntios 9:14; Filipenses 4:14-17; 1 Timóteo 5:17-18).
Hoje, cada cristão deve contribuir para os propósitos que Deus
definiu. O dinheiro pode ser usado para comprar alimentos para os
santos necessitados, ou para ajudar com outras necessidades deles
(Atos 6:1-4). Pode ser usado no trabalho espiritual da igreja,
ensinando o mundo e edificando os santos. Da mesma forma que
compramos alimentos para os irmãos pobres, podemos comprar as coisas
necessárias para divulgar a palavra e para reunir com nossos irmãos
para a mútua edificação e a adoração ao Senhor. Os primeiros
cristãos arranjavam lugares para se reunir (Atos 2:26; 20:8; Romanos
16:5). Enquanto algumas igrejas se reuniam nas casas de alguns
irmãos, houve outros casos nos quais o local das reuniões era
distinto das casas dos irmãos (1 Coríntios 11:20,22). Seguindo estas
orientações bíblicas, muitas igrejas usam parte do dinheiro da
oferta para fornecer locais (salões alugados, prédios próprios,
etc.) para se reunirem e fazer o trabalho que Deus mandou.
O dinheiro que ofertamos é uma coisa comum, que poderia ser usado
para outras finalidades. Antes de ofertar, cada pessoa tem controle
e o direito de usar o dinheiro conforme ela achar melhor (Atos 5:4).
Mas, uma vez que ofertamos o nosso dinheiro para os propósitos
definidos por Deus, ele não é mais nosso. O dinheiro pertence à
igreja, e deve ser usado pela congregação dentro das instruções que
Deus tem dado.
Podemos ver um paralelo importante aqui. Quando Moisés usou as
especiarias doadas para fazer óleo e incenso, ninguém tinha direito
de fazer outro uso dessas coisas. Quando a igreja usa dinheiro para
comprar ou construir um prédio para fazer a obra do Senhor, ninguém
tem direito de fazer outras coisas com este local. O dinheiro foi
ofertado para fazer o trabalho de Deus. Aquele prédio não é um
templo sagrado, mas é uma coisa comprada com dinheiro dado para
fazer a obra do Senhor. Um prédio fornecido com o dinheiro da oferta
poderá ser usado para fazer as obras que Deus autorizou para a
igreja: ensinar a palavra, fazer reuniões para adorar e edificar,
sustentar evangelistas ou presbíteros, abrigar santos necessitados,
etc. Da mesma forma que os judeus não tinham direito de usar o óleo
e o incenso para outros fins, nós devemos entender que o prédio da
igreja não é salão de festas, nem restaurante, nem comércio, nem
colégio, nem ginásio de esportes. Festas, refeições sociais, e
atividades comerciais ou esportivas não fazem parte da missão da
igreja. Não esqueçamos das admoestações nas Escrituras:
"E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei_o em
nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai"
(Colossenses 3:17).
"Estas coisas, irmãos, apliquei_as figuradamente a mim mesmo e a
Apolo, por vossa causa, para que por nosso exemplo aprendais isto:
não ultrapasseis o que está escrito; a fim de que ninguém se
ensoberbeça a favor de um em detrimento de outro"
(1 Coríntios 4:6).
"Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não
permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto
o Pai como o Filho"
(2 João 9).
"Julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende_vos de toda
forma de mal"
(1 Tessalonicenses 5:21-22).
Quem ousaria usar um local fornecido com o dinheiro da oferta para
fazer coisas que Deus nunca pediu?
Dennis Allan
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